Introdução

As escolas levaram muito tempo para decidirem-se pelo pelo uso educacional dos computadores. Na carência de professores adequadamente preparados para esse uso, algumas escolas relegaram a segundo plano a discussão sobre essa conveniência. Outras, notadamente de redes públicas, ainda que contando com computadores, nos chamados laboratórios de informática, e acesso à internet, pouco fizeram para que se efetivasse uma incorporação curricular desse recurso. Parecem ainda fingir que computador não existe ou, se existe, não é para a escola.

Enquanto o uso de tecnologia digitais, com a internet, se amplia no mundo e também no Brasil.

Ao mesmo tempo novos dispositivos digitis chegam e impactam comportamentos na sociedade. É o caso dos smartphones e dos tablets. A sua utilização, especialmente dos smartphones amplia-se de forma acelerada. Olhamos ao redor de nós e encontraremos ao menos uma pessoa com os olhos voltados para uma pequena tela. Algumas parecem incapazes de desligarem-se do aparelho. A tela parece se tornar o seu universo de vida, seu mundo.

Voltemos os olhos para escola e veremos que os dispositivos móveis, principalmente os celulares, estão nas mãos da maioria dos professores e alunos.

Se houve um tempo em que os alunos vinham para a escola para ter contato com as tecnologias digitais de informação e comunicação nos laboratórios de informática, hoje eles as trazem de casa consigo. Hoje trazem o equipamento e, ainda, a conexão á internet. Ao trazerem, para a escola, os celulares que podem ser  utilizados como instrumemnto para a aprendizagem, os alunos ajudariam a superar a deficiência da infraestrutura de acesso à internet especialmente nas escolas públicas. Pesquisas recentes evidenciam que os celulares são a principal forma de acesso à internet entre estudantes.

Pensar nos celulares, especialmente os smartphones, como um dispositivo que possa ser utilizado na formação dos estudantes seria uma natural decorrência da sua posse e do seu uso cada vez mais ampliado. Os dispositivos móveis, com acesso wireless ou 3G/4G à internet, com diversos apps ali instalados, são razão para se pensar numa quarta geração de currículo quanto se trata da incorporação das TDIC na escola. Seria o Currículo 4G ou App Currículo.

A oportunidade do uso de dispositivos como celulares e tablets na escola levou a UNESCO a propor "Diretrizes de políticas para a aprendizagem móvel".

Entretanto, a presença dos celulares na escola é vista por muitos como um problema. Afinal, na sala de aula não raro se tornam instrumentos para a dispersão; alunos ligados nos celulares desligam-se da aula. Culpa do celular ou culpa da aula? Eis a questão!

Um estudo divulgado em julho de 2015, realizado pela London School of Economics, mostrou que alunos de escolas da Inglaterra que baniram os smartphones melhoraram em até 14% suas notas em exames de avaliação nacional. Entretanto, os resultados do estudo não deixaram de criar controvérsias.

Quando indagados sobre a possibilidade de uso dos celulares na escola, os professores revelam entendimentos bastante diversos

A questão do uso - ou da dispersão na aula pelo uso - do celular na escola chega a tal ponto que o deputado federal Alceu Moreira (PMDB/RS) submeteu à Câmara Federal um projeto de lei que proíbe o uso de dispositivos móveis, como celulares e tablets, nas salas de aula da Educação Básica e da Educação Superior de todo o país, exceto quando "inseridos no desenvolvimento de atividades didático pedagógicas e devidamente autorizados pelos docentes ou corpo gestor".

Mas, com legislação ou sem, a questão do uso dos celulares, especialmente dos smartphones, precisa estar no centro dos debates sobre a educação que queremos ou melhor precisamos para os jovens do Século XXI, que vivem em uma sociedade imersa em tecnologias digitais.

Nas nossas escolas, encontramos, como educadores, gestores e estudantes, indivíduos de várias gerações, X, Y e Z, e até mesmo da geração baby boomers. Alguns da geração Y, os millennials, ainda estão na universidade. Os da geração Z, os centennials, já começam a chegar à educação superior.

 

Se há pouco tempo Ven e Vrakking falavam da educação do Homo zappiens, agora temos que considerar a educação que será oferecida àquele que denomino Homo whatsappiens. Afinal, os nascidos no século XXI, no terceiro milênio, em breve estarão entrando em nossas universidades, trazendo uma forma diferente de ver o mundo, de se comunicar e de como lidar com a informação.

Estes indivíduos, da geração App, com idade variando entre 15 e 18 anos, possivelmente encontram muita dificuldade em lidar com uma escola que ainda traz consigo as fortes marcas do século XIX, com práticas de uma época na qual as tecnologias de informação e comunicação eram muito poucas. Se eles não mudarão, caberá à escola colocar-se no seu tempo, no Século XXI . Mudar é a palavra de ordem para a escola que lida com invidíduos tão diferentes.

E a mudança passa, também, por (re)considerar a questão dos dispositivos móveis. 

 Avança avança