INTRODUÇÃO

 

            A palavra bioética é um neologismo construido a partir das palavras gregas bios (vida) + ethos (relativo à ética), designa um conjunto de pesquisas, de discursos e práticas que têm por objeto esclarecer e resolver questões éticas que surgem com o avanço da ciência. Ela, atualmente, é considerada como sendo a Ética Aplicada às questões da saúde e da pesquisa em seres humanos, ou seja, a ética da vida.

           A Ética surge como uma resposta a problemas reais, é uma reflexão com base na realidade. A Bioética aborda estes novos problemas de forma original, secular, interdisciplinar, contemporânea, global e sistemática. Desta forma, estimula novos patamares de discussão que podem possibilitar soluções adequadas. A Bioética busca maior humanização nas relações entre médico, paciente e sociedade. É a ciência com consciência.

As diretrizes filosóficas dessa área começaram a consolidar-se após a tragédia do holocausto da Segunda Guerra Mundial, quando o mundo ocidental, chocado com as práticas abusivas de médicos nazistas em nome da Ciência, cria um código para limitar os estudos relacionados. Formula-se aí também a idéia que a ciência não é mais importante que o homem. O progresso técnico deve ser controlado e acompanhar a consciência da humanidade sobre os efeitos que eles podem ter no mundo e na sociedade para que as novas descobertas e suas aplicações não fiquem sujeitas a todo tipo de interesse.

            O termo foi mencionado pela primeira vez em 1971, no livro “Bioética: Ponte para o Futuro", do biológo e oncologista americano Van R. Potter. Pouco  tempo depois, uma abordagem mais incisiva da disciplina foi feita pelo obstetra holandês Hellegers.

            Nunca se falou tanto sobre ética no comportamento humano com o objetivo de buscar um modelo de vida inspirado no respeito ao homem, como nos últimos anos. Essa preocupação saiu do âmbito filosófico- acadêmico e está fazendo com que as pessoas comuns reflitam: O que é certo ou errado? Como pensar e agir? Até onde a ciência pode avançar? Dignidade humana?

            A chave para responder a estas perguntas está na utilização do conhecimento para a melhoria da qualidade de vida humana, já que o saber e a ciência devem ser vistos como patrimônio da humanidade.

            O avanço da biotecnologia tem trazido muitas conquistas à humanidade, mas também, muitos riscos, assim, a aplicabilidade dos procedimentos na investigação científica, precisa ser revista e repensada, pois embora possa ser científico nem sempre é ético. Afinal de contas, até que ponto a ciência "age" em benefício da humanidade? Daí a necessidade de se compreender a bioética.

            Outra observação fundamental e indispensável ao Brasil é a necessidade de criação da própria visão de bioética, não podendo simplesmente aceitar passiva e sem críticas as propostas e marcos conceituais provenientes de países do “Primeiro Mundo”. Precisa- se adaptar a bioética de acordo com a realidade nacional, levando em conta a fome, o abandono, a exclusão social, o racismo, etc.

            A problemática bioética é numerosa e complexa, envolvendo fortes reflexos imprimidos na opinião pública sobretudo pelos meios de comunicação de massa. Alguns exemplos dos temas alarmados: aborto, clonagem, eutanásia e transgênicos.