Segundo EITEN os tipos fisionômicos do cerrado (latu sensu) se
distribuem de acordo com três aspectos do substrato onde se desenvolvem: a
fertilidade e o teor de alumínio disponível; a profundidade; e o grau de
saturação hídrica da camada superficial e subsurpeficial
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A paisagem do
cerrado é caracterizada por extensas formações
savânicas,
interceptadas por matas ciliares ao longo dos rios, nos fundos de vale.
Entretanto, outros tipos de vegetação podem aparecer na região dos cerrados,
tais como os campos úmidos ou as veredas de buritis, onde o lençol freático
é superficial; os campos rupestres podem ocorrer nas maiores altitudes e as
florestas mesófilas situam-se sobre os solos mais férteis. Mesmo as formas savânicas
exclusivas não são homogêneas, havendo uma grande variação no balanço
entre a quantidade de árvores e de herbáceas, formando um gradiente estrutural
que vai do cerrado completamente aberto - o campo limpo, vegetação dominada
por gramíneas, sem a presença dos elementos lenhosos (árvores e arbustos) -
ao cerrado fechado, fisionomicamente florestal - o cerradão, com grande
quantidade de árvores e aspecto florestal. As formas intermediárias são o
campo sujo, o campo cerrado e o cerrado stricto sensu, de acordo com uma
densidade crescente de árvores.
As árvores do
cerrado são muito peculiares, com troncos tortos, cobertos por uma cortiça
grossa, cujas folhas são geralmente grandes e rígidas. Muitas plantas herbáceas
têm órgãos subterrâneos para armazenar água e nutrientes. Cortiça grossa e
estruturas subterrâneas podem ser interpretadas como algumas das muitas adaptações
desta vegetação às queimadas periódicas a que é submetida, protegendo as
plantas da destruição e capacitando-as para rebrotar após o fogo. Acredita-se
que, como em muitas savanas do mundo, os ecossistemas de cerrado vêm
co-existindo com o fogo desde tempos remotos, inicialmente como incêndios
naturais causados por relâmpagos ou atividade vulcânica e, posteriormente,
causados pelo homem. Tirando proveito da rebrota do estrato herbáceo que se
segue após uma queimada em cerrado, os habitantes primitivos destas regiões
aprenderam a se servir do fogo como uma ferramenta para aumentar a oferta de
forragem aos seus animais (herbívoros) domesticados, o que ocorre até hoje.
A grande
variabilidade de habitats nos diversos tipos de cerrado suporta uma enorme
diversidade de espécies de plantas e animais. Estudos recentes, como o
apresentado por J.A.Ratter e outros autores em "Avanços no Estudo da
Biodiversidade da Flora Lenhosa do Bioma Cerrado", em 1995, estimam o número
de plantas vasculares em torno de 5 mil; e que mais de 1.600 espécies de mamíferos,
aves e répteis já foram identificados nos ecossistemas de cerrado (Fauna do
Cerrado, Costa et al., 1981). Entre a diversidade de invertebrados, os
mais notáveis são os térmitas (cupins) e as formigas cortadeiras (saúvas). São
eles os principais herbívoros do cerrado, tendo uma grande importância no
consumo e na decomposição da matéria orgânica, assim como constituem uma
importante fonte alimentar para muitas outras espécies animais.
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Por outro lado, a
pressão urbana e o rápido estabelecimento de atividades agrícolas na região
vêm reduzindo rapidamente a biodiversidade destes ecossistemas. Até meados de
1960, as atividades agrícolas nos cerrados eram bastante limitadas,
direcionadas principalmente à produção extensiva de gado de corte para
subsistência ou para o mercado local, uma vez que os solos de cerrado são
naturalmente inférteis para a produção agrícola. Após esse período, porém,
o crescimento urbano e industrial da região Sudeste forçou a agricultura para
o Centro-oeste. A mudança da capital do País para Brasília foi outro foco de
atração de população para a região central. De 1975 até o início dos anos
80, muitos programas governamentais foram lançados com o propósito de
estimular o desenvolvimento da região do cerrado, através de subsídios para o
estabelecimento de fazendas e melhorias tecnológicas para a agricultura, tendo,
como resultado, um aumento significativo na produção agropecuária.
Atualmente, a região
do cerrado contribui com mais de 70% da produção de carne bovina do País
(Pecuária de corte no Brasil Central, Corrêa, 1989) e, graças à irrigação
e técnicas de correção do solo, é também um importante centro de produção
de grãos, principalmente soja, feijão, milho e arroz. Grandes extensões de
cerrado são ainda utilizadas na produção de polpa de celulose para a indústria
de papel, através do cultivo de várias espécies de Eucalyptus e Pinus,
mas ainda como uma atividade secundária.
A conservação dos
recursos naturais dos cerrados é representada por diversas categorias de unidades
de conservação,
de acordo com objetivos específicos: oito parques nacionais, diversos parques
estaduais e estações ecológicas, compreendendo cerca de 6,5% da área total
de cerrado (Cerrado: caracterização, ocupação e perspectivas, Dias, 1990).
Entretanto, esta extensão é ainda insuficiente e mais unidades de conservação
precisam ser criadas para proteger a biodiversidade que ainda preserva.
A província do
cerrado, como denominada por EITEN, englobando 1/3 da biota brasileira e 5% da
flora e fauna mundiais. É caracterizada por uma vegetação savanícola
tropical composta, principalmente de gramíneas, arbustos e árvores esparsas,
que dão origem a variados tipos fisionômicos, caracterizados pela
heterogeneidade de sua distribuição.
Muitos autores aceitam a hipótese do oligotrofismo distrófico
para formação do Cerrado, sua vegetação com marcantes característica
adaptativas a ambientes áridos, folhas largas, espessas e pilosas, caule
extremamente suberizado, etc. Contudo apesar de sua aparência xeromórfica, a
vegetação do cerrado situa-se em regiões com precipitação média anula de
1500 mm, estações bem definidas, em média com 6 meses de seca, solos
extremamente ácidos, profundos, com deficiência nutricional e alto teor de
alumínio.
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TIPOS DE INTERFLÚVIO
Cerrado (strictu
sensu) - é a vegetação característica do cerrado, composta por
exemplares arbustivo-arbóreos, de caules e galhos grossos e retorcidos,
distribuídos de forma ligeiramente esparsa, intercalados por uma cobertura de
ervas, gramíneas e espécies semi-arbustivas.
Floresta mesofítica
de interflúvio (cerradão) - este tipo de vegetação cresce sob solos bem
drenados e relativamente ricos em nutrientes, as copas das árvores, que medem
em média de 8-10 metros de altura, tocam-se o que denota um aspecto fechado a
esta vegetação.
Campo rupestre -
encontrado em áreas de contato do cerrado com o caatinga e floresta atlântica,
os solos deste tipo fisionômico são quase sempre rasos e sofrem bruscas variações
em relação a profundidade, drenagem e conteúdo nutricional. É
caracteristicamente, composto por uma vegetação arbustiva de distribuição
aberta ou fechada.
Campos litossólicos miscelâneos - são caracterizados pela presença de um
substrato duro, rocha mãe, e a quase inexistência de solo macio, este quando
presente não ocupa mais que poucos centímetros de profundidade até se deparar
com a camada rochosa pela qual não passam nem umidade nem raízes. Sua flora é
caracterizada por um tapete de ervas latifoliadas ou de gramíneas curtas,
havendo em geral a ausências de exemplares arbustivos, ou a presença de raríssimos
espécimes lenhosos, neste caso enraizados em frestas da camada rochosa.
Vegetação de afloramento de rocha maciça - representada por cactos, liquens,
musgos, bromélias, ervas e raríssimas árvores e arbustos, cresce sob
penhascos e morros rochosos.